sexta-feira, 28 de agosto de 2009

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL DO BRASIL , 28/08/2009 - FRANCIS BOGOSSIAN

Bandeiras para o Clube de Engenharia



Francis Bogossian, engenheiro (*)




Um país não pode prescindir da Engenharia para se desenvolver. Esta é a mola mestra do crescimento sustentável. Depois do longo período de hibernação, o Brasil voltou a crescer e mais do que nunca precisa de engenheiros.


Mais de 20 anos de estagnação e de falta de investimentos em infra-estrutura desestimularam a engenharia brasileira. As universidades constataram enorme diminuição de matrículas em seus cursos porque os engenheiros recém formados ficavam desempregados ou mudavam de atividade para trabalhar em outros setores que lhes proporcionavam crescimento profissional.


Agora, com a retomada do crescimento, as empresas de engenharia e a administração pública se vêem sem condições de atender às demandas, por falta de profissionais qualificados, principalmente nos setores da construção civil, e do petróleo e gás, fortemente impulsionados pela Petrobras.

Mesmo com grande oferta no mercado de trabalho, os cursos de Engenharia não conseguem mais atrair os jovens. São desinteressantes, estão defasados e obsoletos, face à dinâmica do século XXI. É urgente a reforma do ensino de engenharia. Para encampar esta luta, nenhuma instituição mais apropriada do que o Clube de Engenharia que, com seus 129 anos de atividade, pode reunir os professores de engenharia e as empresas, que conhecem as necessidades dos postos de trabalho, para sugerir e encaminhar reformulações ao Ministério da Educação e às universidades.


Enquanto isto não acontece, o Clube de Engenharia pode suprir parte deste vácuo, através de suas Divisões Técnicas, apoiando a administração pública e as empresas de engenharia, na proposição de atividades de educação continuada, que complementem a formação universitária.


Como berço da engenharia nacional, o Clube de Engenharia tem condições de impulsionar o conjunto de forças dispersas da engenharia, do empresariado e dos engenheiros, em uma Frente Parlamentar de Engenharia, no Congresso, para lutar por ferramentas legais e institucionais que estimulem o crescimento da Engenharia Nacional. A política industrial brasileira precisa ser capaz de incentivar o desenvolvimento da nossa engenharia. A abertura indiscriminada do mercado aos produtos e serviços estrangeiros, fragilizando a participação da empresa brasileira, e também os processos de desestatizações e concessões, sem cláusulas que priorizem a participação da Engenharia Nacional nas futuras contratações, são pontos que devem ser combatidos com vigor.


É indispensável, ao mesmo tempo, buscar transferências de novas tecnologias e promover a associação com entidades e empresas estrangeiras que nos complementem, para que o país possa se desenvolver, absorvendo conhecimentos técnicos e científicos de ponta.


Outro tema em que o Clube de Engenharia deve “mergulhar de cabeça” é o novo marco regulatório do petróleo, atuando de forma não partidária e acima dos interesses de classes e grupos, para que prevaleçam apenas os conceitos que fortalecem o país. É no Rio que estão as maiores reservas de petróleo. É no Rio que estão as principais empresa de petróleo, a começar pela Petrobras. O Clube de Engenharia precisa ser um fórum de acompanhamento permanente de discussão sobre tudo que se refere à exploração e à aplicação dos recursos que advirão do pré-sal. O Rio de Janeiro, que já foi penalizado em 1988, com a perda da arrecadação do ICMS do petróleo aqui produzido, não pode ser mais uma vez atropelado.


Outra bandeira que o Clube de Engenharia deve encampar é a recuperação do prédio do Largo de São Francisco, onde nasceu a primeira escola de engenharia do país, a Academia Militar de Engenharia do Rio de Janeiro e que está em péssimo estado de conservação. O prédio completará 200 anos em 2012, e nada melhor, para celebrar esta data, do que transformá-lo no Museu Histórico da Engenharia Nacional.


(*) Francis Bogossian é presidente da AEERJ-Associação das Empresas de Engenharia e candidato à presidência do Clube de Engenharia pela chapa Clube de Engenharia Unido


Nenhum comentário:

Postar um comentário