Data: Quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Editoria: Opinião Engenharia brasileira nasceu no Rio
Francis Bogossian, Engenheiro, Presidente da AEERJ- Associação
das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro
Em 2010 comemora-se 200 anos da criação da Academia Real Militar do Rio de Janeiro e do nascimento da escola de engenharia brasileira. Instalada inicialmente na Casa do Trem (atual Museu Histórico Nacional), sua sede foi transferida em 1812 para o Largo de São Francisco, em prédio construído especialmente para abrigar a escola que, em 1874, se transformou na Escola Polytechnica do Rio de Janeiro, depois Escola Nacional de Engenharia e, posteriormente, Escola de Engenharia da UFRJ. Em 1966, a escola troca o Largo de São Francisco por instalações modernas na Ilha do Fundão.
O prédio do Largo de São Francisco passou a ser ocupado, em caráter transitório, pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Os engenheiros, no entanto, não se desligaram dele. É lá que funciona a Associação dos Antigos Alunos da Politécnica (A3P).
É lamentável ver o prédio se deteriorando em todos os aspectos. Fisicamente é o retrato do abandono do nosso passado histórico. É urgente a restauração do prédio e seu retorno à Engenharia, para que recupere sua grandeza original.
Uma grande contribuição do Clube de Engenharia, para as comemorações dos 200 anos do nascimento da engenharia brasileira, seria liderar um projeto para o retorno e a restauração do prédio que foi o berço da nossa engenharia. Nada é fácil quando se trata de um bem público, mas o Rio não pode continuar a permitir o abandono de seu patrimônio arquitetônico e histórico.
O Rio de Janeiro é a cidade brasileira com mais prédios históricos, mas quase todos sob a administração federal.
Por onde se olha há prédios públicos se deteriorando. Um importante passo nesta mudança foi dado pelo prefeito Eduardo Paes, nos convênios que assinou com o governo federal transferindo para o município a administração de várias áreas do porto, inclusive o Palácio D. João VI que será transformado na Pinacoteca da Cidade.
O prédio do Largo de São Francisco deveria abrigar o Museu Histórico da Engenharia Nacional. A UFRJ continuaria proprietária do imóvel mas, através de convênio, passaria sua administração para uma entidade privada que poderia ser, por exemplo, o Clube de Engenharia. Com isto, seria possível, não só recuperar o prédio como também se responsabilizar pela manutenção, buscando outras fontes complementares de recursos como cursos, exposições, etc. Várias fontes de financiamento estão disponíveis como, por exemplo, o projeto Monumenta, que é um programa de recuperação do patrimônio cultural urbano brasileiro, executado pelo Ministério da Cultura e financiado pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, os incentivos pela Lei Rouanet, etc. Isto, sem falar no apoio das grandes empresas que dão o devido valor à Engenharia.
Este processo não acontece por acaso. Alguém precisa liderar projeto e superar os obstáculos. O Clube de Engenharia, também fundado no Século IXX (1880), poderia estar à frente desta transformação para que, nas comemorações dos 200 anos do prédio do Largo de São Francisco, em 2012, o Rio de Janeiro possa inaugurar ali o Museu Histórico da Engenharia Nacional.
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